terça-feira, 26 de junho de 2012

Um pouco de Prática em sala de aula...

PROJETO
“AMIGOS DO LIVRO”


Senhores Pais,

É através da literatura infantil que a criança desenvolverá o gosto pela leitura, a imaginação, o vocabulário, a sequência lógica de idéias, ampliando suas experiências, conhecimentos e a capacidade de organização.
Considerando que a hora da história é um momento especial de interação, prazer, estímulo e também afetividade, nos sentimos motivados a desenvolver em nossa turma o Projeto “Amigos do Livro”.
O Projeto consiste no rodízio de livros entre a turma, em que todos terão oportunidade de levar e conhecer todos os livros escolhidos para este Projeto.
Nosso objetivo é possibilitar à vocês, pais, momentos de prazer e a oportunidade de participar do processo escolar de seus filhos, possibilitando assim o desenvolvimento da oralidade e ampliação das habilidades, comunicativas e cognitivas no contexto escolar.
Estamos juntamente com a família utilizando a leitura como eixo norteador deste processo.
Seguem algumas orientações:
  • Os alunos terão a oportunidade de levar um livro para casa toda sexta-feira, devendo devolvê-lo na segunda-feira;
  • Explorem com sua criança a capa do livro e suas ilustrações, num momento agradável de descontração;
  • Leiam a história com criatividade, explorando os recursos da fala (entonação, pausa, pontuação, etc.)
  • Estimulem sua criança a contar sobre a história (personagens, falas, lugar onde se passa, etc.)
  • TIREM PROVEITO DESTE MOMENTO!

“Fazer do livro um amigo da família é uma forma de levar diferentes modalidades de linguagem para o convívio diário da criança.”

Carinhosamente,
Amanda, Barbara e Camila


Projeto Tertúlia Literária


O Tertúlia Literária é um projeto criado pela Faculdade de Educação (FaE) da UFMG, cujas coordenadoras são as professoras Célia Abicalil Belmiro, Mônica Correia e Zélia Versiani.

"A palavra Tertúlia significa reunião de gente para discutir ou conversar. É essa nossa idéia: construir um espaço para sentir, pensar e compartilhar aquilo que nos acontece, quando lemos livros de literatura. Nosso objetivo não é ensinar as professoras a trabalharem literatura com as crianças. É tão somente assegurar um tempo na nossa agenda e na agenda dessas professoras para falar sobre o que lemos e , diante dessa possibilidade, reafirmarmos nosso amor pelos livros, pela literatura. Se, como diria Nias 'o professor é uma pessoa e parte importante dessa pessoa é o professor', então aquilo que fazemos em sala de aula tem a ver com o que vivemos e sentimos fora dela. Por isso escolhemos a infância como tema dessa primeira edição do Tertúlia Literária, porque acreditamos que ela é um fator que nos une, que nos dá identidade pessoal e profissional. Fomos crianças e, muito frequentemente, essa criança que fomos se encontra com aquelas com as quais nos deparamos diariamente em nossas salas de aula."

Mergulhe na leitura literária

"O livro é um lugar de papel e dentro dele existe sempre uma paisagem. O leitor abre o livro, vai lendo, lendo e, quando vê, já está mergulhado na paisagem. Pensando bem, ler é como viajar para outro universo sem sair de casa. Caminhando dentro do livro, o leitor vai conhecer personagens e lugares, participar de aventuras, desvendar segredos, ficar encantado, entrar em contato com opiniões diferentes das suas, sentir medo, acreditar em sonhos, chorar, dar gargalhadas, querer fugir e, às vezes, até sentir vontade de dar um beijinho na princesa. Tudo é mentira. Ao mesmo tempo, tudo é verdade, tanto que após a viagem, que alguns chamam leitura, o leitor, se tiver sorte, pode ficar compreendendo um pouco melhor sua própria vida, as outras pessoas e as coisas do mundo" - Ricardo Azevedo.



A escola, e principalmente os professores são responsáveis pela criação de um ambiente privilegiado para garantir muito contato com os livros, com as obras e apresentar diversos gêneros às crianças pequenas para que estes desenvolvam os comportamentos leitores e o gosto pela literatura desde cedo.



Saiba como desenvolver projetos de leitura dentro de sala visitando o site da Escola Nova.


Sugestões de livros literários infantis


A bolsa amarela – Lygia Bojunga Nunes
A bolsa amarela é a história de uma menina que entra em conflito consigo mesma e com a família ao reprimir três grandes vontades (que ela esconde numa bolsa amarela ) - a vontade de crescer, a de ser garoto e a de se tornar escritora. A partir dessa revelação - por si mesma uma contestação à estrutura familiar tradicional em cujo meio "criança não tem vontade" - essa menina sensível e imaginativa nos conta o seu dia-a-dia, juntando o mundo real da família ao mundo criado por sua imaginação fértil e povoado de amigos secretos e fantasias. Ao mesmo tempo que se sucedem episódios reais e fantásticos, uma aventura espiritual se processa, e a menina segue rumo à sua afirmação como pessoa.


Bem do seu tamanho – Ana Maria Machado
Esta é a viagem de Helena e seus amigos em busca de explicações para o tamanho exato de cada um. Helena não consegue entender porque, às vezes, é pequena demais para algumas coisas e grande demais para outras. Os companheiros de aventura - Tipiti e seu burrico, Flávia e sua bicicleta, um espantalho com jeito de poeta e Bolão, um boi-de-mamão, seu brinquedo preferido - vão percorrendo os caminhos da fantasia. Pouco a pouco, eles descobrem que estão crescendo e, além de todas as mudanças que acontecem na aparência exterior, também mudam por dentro, pois estão amadurecendo e entendendo melhor o mundo à sua volta. Na viagem, eles encontram um fotógrafo que os ajuda a desvendar o mistério.


Chapeuzinho Amarelo – Chico Buarque
Trata das aventuras de uma menina que tinha medo de tudo.  Sabendo que havia um lobo no outro lado da montanha, decide sair em busca de uma resposta para suas dúvidas e receios e também para satisfazer a sua curiosidade.Essa mocinha sofre de um mal terrível: sente medo do medo.  Enfrentando o Desconhecido (o Lobo), ela supera seus temores e inseguranças, encontrando a alegria de viver.


Grande ou Pequena – Beatriz Meirelles
Para brincar na rua, Mariana ainda é pequena. Mas já é grande demais para chupar chupeta. A menina fica confusa, sem saber o que pode e o que não pode fazer. Será que seus pais conseguirão ajudá-la a compreender a importância de tantas regras? O texto foi escrito em versos e estimula a discussão sobre o estabelecimento de limites com as crianças.



A Bonequinha Preta – Alaíde Lisboa
Mariazinha e sua Bonequinha Preta, são muito amigas. Certo dia, Mariazinha saiu com sua mãe e não pôde levar a Bonequinha Preta. Mariazinha pediu a bonequinha para se comportar e também para não chegar à janela. Mas os pedidos de Mariazinha não adiantaram. A Bonequinha Preta ouviu miados na rua, chegou até a janela e um acidente aconteceu.



Quem soltou o PUM? – Blandina Franco e José Carlos Lollo
A história é simples, mas a sacada é das boas: imagine um cachorrinho de estimação que se chama Pum! Daí dá para tirar diversos trocadilhos, criando frases e situações realmente hilárias.É um tal de não conseguir segurar o Pum, que é barulhento e atrapalha os adultos, que dizem que o Pum molhado, em dia de chuva, fica mais fedido ainda, o que faz o menino passar muita vergonha. Pobre Pum. E pobre dono do Pum!
Mas não tem jeito, com o Pum é assim mesmo: simplesmente ninguém consegue evitar que ele escape e cause certos inconvenientes.




A casa sonolenta - Audrey Wood
Todos dormem profundamente na casa dessa graciosa história. De repente, uma pulga se agita e acorda os demais personagens. A residência, antes silenciosa, se transforma num lugar alegre, cheio de vida, onde todos brincam e correm animadamente pelo quintal.


Qual é a cor do amor? - Linda Strachan e David Waojtowycz
Um elefantinho faz uma pergunta importante: qual é a cor do amor? Todos os animais da floresta tentam ajudá-lo, mas ele não fica muito satisfeito com as respostas, até voltar para junto de sua mãe, que lhe dá a melhor resposta de todas!

Autores importantes para a Literatura Infantil no Brasil

Angela Lago




Angela Maria Cardoso Lago (Belo Horizonte, 1945) é uma escritora e ilustradora brasileira. Nasceu em Belo Horizonte e dedica-se há 30 anos à Literatura Infantil.
A maior parte de sua obra é dedicada às crianças. Em alguns de seus livros não usa palavras, apenas imagens.
Entre suas obras destaca-se Cena de Rua, premiado na França e na Bienal de Bratislava. Cena de Rua foi publicado no México, na França, nos Estados Unidos da América e no Brasil.


Rui de Oliveira



Rui de Oliveira nasceu no Rio de Janeiro. Estou pintura, artes gráficas e ilustração. Em 1975 foi contrato pela Rede Globo como diretor de arte e o seu principal trabalho na emissora foi com o Sítio do Pica Pau Amarelo. É professor há 25 anos de Desenho Industrial na Escola de Belas Artes da UFRJ.


Ana Maria Machado



Na vida da escritora Ana Maria Machado, os números são sempre generosos. São 40 anos de carreira, mais de 100 livros publicados no Brasil e em mais de 18 países somando mais de dezoito milhões de exemplares vendidos. Os prêmios conquistados ao longo da carreira de escritora também são muitos, tantos que ela já perdeu a conta. Tudo impressiona na vida dessa carioca nascida em Santa Tereza, em pleno dia 24 de dezembro.

Ricardo Azevedo


Ricardo Azevedo, escritor e ilustrador paulista nascido em 1949, é autor de mais cem livros para crianças e jovens. Tem livros publicados na Alemanha, Portugal, México, França e Holanda. Bacharel em Comunicação Visual pela Faculdade de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado e doutor em Letras pela Universidade de São Paulo. Pesquisador na área de cultura popular. Professor convidado em cursos de especialização em Arte-Educação e Literatura. Tem dado palestras e escrito artigos, publicados em livros e revistas, abordando problemas do uso da literatura de ficção na escola.


Manoel de Barros




Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu em Cuiabá (MT) no Beco da Marinha, beira do Rio Cuiabá, em 19 de dezembro de 1916, filho de João Venceslau Barros, capataz com influência naquela região. Mudou-se para Corumbá (MS), onde se fixou de tal forma que chegou a ser considerado corumbaense. Atualmente mora em Campo Grande (MS). É advogado, fazendeiro e poeta.

Quer saber um pouco mais sobre leitura literária infantil?

Sugestões de livros


 

 

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Bebeteca



Bebeteca é uma biblioteca especialmente destinada aos bebês de zero a três anos e seus familiares, envolvendo a criança no mundo lúdico, despertando sua paixão pela leitura. É, especialmente, destinada aos bebês, seus pais e demais responsáveis a fim de trabalhar as possibilidades de leitura, envolvendo a criança no mundo lúdico, despertando, primeiramente, o prazer e a paixão pela leitura. Por meio dessa atitude, tentar inserir a criança, desde muito cedo, no mundo da leitura através do contato com os livros.
Estes locais precisam ser: decorados e mobiliados adequadamente para atender todas as necessidades dos pais e responsáveis em relação às crianças pequenas, com características infantis para promover justamente uma sensação de bem estar e conforto a ambas as partes. O acervo de uma Bebeteca deve ser muito variado, pois ele atenderá desde bebês que ainda não andam, aqueles um pouco maiores e aos adultos. Os materiais que devem formar este acervo são: Livros de papel (para bebês e pais); Livros de banho; Livros de pano; Livros de espuma; Livros de papel cartonado; Brinquedos; Fantoches; Periódicos diversificados; Materiais de apoio para a hora do conto (palco, cenário, cd’s, entre outros).





Que leitores queremos formar com a literatura infanto-juvenil?

“É preciso que a literatura tenha seu lugar na escola, qualquer que seja a idade das crianças, se se quer formar futuros leitores” (CHARTIER, p. 130).

Hoje, a literatura infanto-juvenil é abundante e está disponível para que qualquer um possa lê-la. A mediateca, que é uma biblioteca informatizada e multimídia que disponibiliza uma vasta gama de suportes: livros, revistas, vídeos, filmes, CDs, CD-ROMS, softwares diversos, já estão disponíveis para os alunos.
A literatura infanto-juvenil deve ser trabalhada de maneira diferenciada, a fim de cativar o aluno. A literatura não deve ser esquecida nas leituras infantis, pois estas não devem ter como objetivo apenas distrair os alunos, mas sim, formar a personalidade, inteligência, caráter das crianças. “Se se deseja formar o gosto de alguém pela leitura, todos sabem que não se pode prometer a essa pessoa o prazer imediato e durante todo o tempo” (CHARTIER, p. 129). A leitura precisa ser trabalhada para que o aluno crie gosto por ela.

“A literatura infanto-juvenil é uma propedêutica à literatura, é uma subliteratura que se daria aos jovens para ajudá-los a entrar na ‘grande literatura’?” (CHARTIER, p. 131).

Segundo CHARTIER, a literatura infanto-juvenil trabalha com livros e autores mais pertinentes ao público leitor, ela seria uma “isca” para iniciar as crianças na leitura e numa leitura cada vez mais autônoma.
O importante não é levar a ler literatura, mas simplesmente, transformar as crianças e os jovens em leitores, visando que no futuro, eles sejam capazes de escolherem, sozinhos, as boas leituras que farão e sentirão prazer em fazê-las.


 O bom aluno gosta de ler?
 “Assiste-se hoje, a uma dissociação bem marcada entre o fato de gostar de ler e o fato de ser reconhecido como bom aluno no âmbito escolar” (CHARTIER, p. 136). Antigamente, essas suas vertentes estavam intimamente ligadas, porém no atual contexto, não é mais assim. Podemos observar, que os alunos que têm as melhores notas, nem sempre são os que mais frequentam as bibliotecas. Enquanto os alunos que mais frequentam as bibliotecas e são consideradas como leitores, nem sempre têm boas notas. O que acontece é que a maioria dos bons alunos, se restringe às leituras obrigatórias pelo currículo escolar, não indo além disso.
“Alunos muito bons não reconhecerem mais o amor pela leitura como uma característica necessária da excelência escolar é um fato profundamente perturbador. Isso significa que entramos na era da banalização da leitura, que não é mais reconhecida como sinal distintivo de pertencimento a um grupo valorizado” (CHARTIER, p. 137).

CHARTIER, Anne-Marie. Que leitores queremos formar com a literatura infanto-juvenil? Leituras Literárias: Discursos Transitivos, Coleção Literatura e Educação, p. 127-144, 2008.

Leitura Literária


“Ler, verbo transitivo, é um processo complexo e multifacetado: depende da natureza, do tipo, do gênero daquilo que se lê, e depende do objetivo que se tem ao ler. Não se lê um editorial de jornal da mesma maneira e com os mesmos objetivos com que se lê a crônica de Veríssimo no mesmo jornal; não se lê um poema de Drummond da mesma maneira e com os mesmos objetivos com que se lê a entrevista do político; não se lê um manual de instalação de um aparelho de som da mesma forma e com os mesmos objetivos com que se lê o último livro de Saramago. Só para dar alguns poucos exemplos.” – Magda Soares.

A leitura literária precisa ser motivadora, visto que atualmente, devido a correria do dia a dia, as pessoas não têm muito tempo para nada e com isso os livros acabam por ocupar um lugar secundário na vida das mesmas. “As motivações para a leitura literária teriam de ultrapassar esse contexto de urgência e ser encaradas em nível cultural mais amplo que o escolar, para que se relacionem à cidadania crítica e criativa, à vida social, ao cotidiano, tomando-se um letramento literário de fato, ao compor a vida cotidiana da maioria dos indivíduos” (PAULINO, p. 65).


PAULINO, Maria das Graças Rodrigues. Algumas especificidades da leitura literária. Leituras Literárias: Discursos Transitivos, Coleção Literatura e Educação, p. 55-68, 2008.

Modernidade e constituição do campo da literatura infantil e juvenil no Brasil


Monteiro Lobato se empenhou em fazer crescer a história do livro para crianças e jovens. E percebeu formas possíveis de sobrevivência do escritor, ditadas pelo mundo que estava se modernizado. Com isso, escritor, editor e distribuidor, misturaram-se e formaram um novo projeto para literário para jovens e crianças. Esse processo coincidiu com o processo de expansão da escola e preocupação com a leitura. Com a publicação de “A menina do narizinho arrebitado”, Lobato marca uma nova fase literatura no Brasil.
“Muitos leitores de Lobato e estudiosos da literatura infantil e juvenil reconhecem o caráter fundador das obras do escritor e de como a publicação das histórias do Sítio do Pica-Pau Amarelo viriam a marcar decisivamente a produção literária posterior no Brasil” (MACHADO, p. 85).
Apesar de histórias sobre sítios já se fizessem presentes na escola, nada foi tão inovador quanto o Sítio do Pica-Pau Amarelo para as práticas escolares de leitura literária e conseguiu apoio de alguns do governo para que seu primeiro livro para crianças fosse publicado.
Lobato trouxe um projeto estético inovador para a leitura infantil e juvenil e este modelo foi sendo trabalho repetidas vezes com o intuito de: “trazer para o terreno das leituras da infância e da juventude as fragilidades humanas que a boa literatura não esconde” (MACHADO, p. 86).
Lobato surgiu em um momento de carência das publicações nacionais para crianças e jovens, o que fez com que sua obra tivesse um tom moderno para sua época. Ele estabelecia uma boa dosagem entre o útil e o agradável, ou seja, as crianças precisavam ler, pois isso faz parte do currículo, mas isso não significa que está leitura não poderia ser prazerosa e interessante.
Através de suas histórias, Lobato mostrava que todo assunto poderia sim ser assunto para criança. Como esse olhar inovador sobre a criança e o jovem, ele ganhou respeito e conquistou seu público.
No final dos anos 60 e inicio dos anos 70, políticas educacionais de incentivo à leitura foram criadas e então a produção foi diversificada e vários autores surgiram para atender a demanda dos novos leitores que surgiram com a lei da reforma de ensino que obrigou a adoção de livros de autores brasileiros nas escolas de 1º grau. Nos anos 80, os ilustradores ganharam destaque, em decorrência da ênfase dada à imagem.

MACHADO, Maria Zélia Versiani. Modernidade e constituição do campo da literatura infantil e juvenil no Brasil . Leitura Literária, a mediação escolar. Belo Horizonte. Faculdade de Letras da UFMG. 2004.

Literatura no livro didático


A escola se utiliza da literatura para a formação social da criança e esta criança tem contato com a literatura, na maioria das vezes, através de livros didáticos. Mas na maioria das vezes, os textos literários são transformados em textos informativos.
Muitas vezes, para trabalhar a Língua Portuguesa, os livros utilizam das mais diversas literaturas para transformar o processo de ensino-aprendizagem mais agradável e envolvente.
A literatura e sua leitura podem acontecer de maneira mais subjetiva, com uma elaboração especial da língua e com a constituição de universos ficcionais ou imaginários. Já os livros didáticos precisam ser mais objetivos, para que guie o aluno para a interpretação. Sendo a assim, a literatura contida nos livros didáticos é controlada.
Geralmente, “o livro didático apresenta um fragmento sem textualidade, sem uma unidade de linguagem” (PASSOS, p. 157), o que pode levar a falta de sentido à leitura.
“O trabalho com o texto literário presente no livro didático contribui somente para a formação social da criança (que deve aprender como se comportar na sociedade) e para o ensino da Língua Portuguesa. Logo, leitores de literatura não estão sendo formados pela escola” (PASSOS, p. 159).

PASSOS, Marta. Literatura no livro didático. Leitura Literária, a mediação escolar. Belo Horizonte. Faculdade de Letras da UFMG. 2004

O livro comestível: a urgência de uma política social para a leitura escolar


Para que a leitura literária infantil seja introduzida, de fato, na escola, os professores precisam entender a importância da leitura como marco inicial do processo de inscrição da criança no universo simbólico de sua cultura e como elemento fundamental no processo de desenvolvimento infantil.
“A literatura infantil tem ocupado um lugar político e pedagógico de grande importância tanto na formação ético-moral do sujeito, como no estabelecimento de hábitos e atitudes” (BELLI, p. 75). Após o contato com a leitura, o leitor não só adquire mais conhecimento, bem como fica diferente do que era antes.
Através da leitura, o aluno é capaz de exercer sua criatividade e sua autonomia, pois ela amplia a sensibilidade e a relação do sujeito com o mundo. “Nenhum livro é bom ou ruim em si mesmo, a experiência gerada por cada sujeito, em cada uma de suas leituras, trará um julgamento de valor” (BELLI, p. 76).
É importante destacar, que o que se almeja com a leitura literária não que uns saibam mais do que os outros por terem acesso às leituras, mas sim que sejam formados pontos de vistas diferentes a respeito de cada obra. A escola precisa criar mecanismos para que estas obras sejam trabalhadas e que seus alunos, além de interpretá-las, saibam fazer uso delas.
Em livros como “Sítio do Pica-PauAmarelo” de Monteiro Lobato, a intenção é formar leitores através das experiências com o livro. A ideia de um livro onde o leitor pode morar ou fazer parte da história, traz consigo a ideia de um livro comestível, no qual o leitor precisa dele para se alimentar, ou seja, para construir seu conhecimento.
A ideia de Emília, personagem do “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, é de que os livros sejam fabricados de maneira que possam se comidos ao final da leitura, pois além de ser um alimento intelectual, ele serviria também como almoço. Assim, até mesmo os analfabetos poderiam fazer uso dos livros.
Monteiro Lobato já dizia que livros existem para ser lidos e não para servir como obrigação para ninguém, a leitura não deve ser imposta à criança, pois a criança precisa escolhê-la e se envolver por ela. “Não se formam leitores obrigando-os a ler tais ou quais grandes obras, ou entregando-lhes uma relação de livros a serem lidos durante o ano. O que forma o leitor é aprender a escolher o que, como, por que e quando ele quer ler. Ensinar a ler é antes de mais nada, ensinar a escolher” (BELLI, p. 79).
“Livro guardado, limpo e fechado não serve para nada” (BELLI, p. 79). E não serve mesmo! Livros devidamente guardados em enormes prateleiras fazem com que as crianças fiquem distantes deles, o que os tornam inúteis. A criança precisa tocar no livro para então criar um interesse por ele.
Vale ressaltar que a ideia de livro comestível não significa livro descartável, pois se o livro é descartado é porque ele foi incompleto e não causou o efeito esperado no leitor, já o livro comestível é capaz de trazer saciedade ao seu leitor, alimentando seu corpo e seu espírito, dando uma ideia de completude a quem ler.
“A literatura é uma forma de pensar como a vida poderia ser, ou deveria ser, desenvolver utopias. Rompendo com as obviedades e com as ‘realidades’, a literatura rompe com a vida já dada e suspende a capacidade de não acreditar no que nossos olhos não vêem” (BELLI, p. 81).
É necessário que sejam elaboradas propostas educacionais que respeite a criança e a dê possibilidade de fazer opções, de escolher o quer ou não ler. A criança é capaz de transformar o que não considera correta e é diferente do adulto, logo suas demandas são diferentes. E como dizia Emília: “nós crianças precisamos mudar o mundo; nós temos imaginação. Dos adultos, nada há de se esperar” (Histórias do Mundo).

BELLI, Vânia. O livro comestível: a urgência de uma política social para a leitura escolar. Leitura Literária, a mediação escolar. Belo Horizonte. Faculdade de Letras da UFMG. 2004.

terça-feira, 5 de junho de 2012

A Origem da Literatura Infantil Brasileira

Segundo Celia Becker:
“A origem da Literatura infantil vincula-se às mudanças estruturais que ocorreram na sociedade dos séculos XVII e XVIII, momento em que se instalou o modelo burguês de família unicelular, provocando uma alteração na forma de se visualizar a infância e todas as instituições com ela relacionadas. Dessa forma, explica-se o papel de aliada que a escola – e com ela a produção de textos dirigidos às crianças – passou a exercer para a consecução dos objetivos e valores preconizados por essa nova classe social emergente.”
Os valores ideológicos presentes na literatura infantil comprometeu seu reconhecimento como forma de expressão artística e também prejudicou o gosto pela leitura. Porém muitas obras produzidas permaneceram por suas qualidades estéticas, como algumas obras de Perrautl, Daniel Defoe, a reunião de contos de fadas feitas pelos Irmãos Grimm, além de produções voltadas para o público infantil, como as obras de Júlio Verne e também da Condessa de Ségur.
O Brasil foi influenciado por essa onda de valores, usando o texto infantil como propagador de preceitos e de normas comportamentais. Quatro fases são percebidas nesse processo de inserção da literatura no Brasil.
A Primeira Fase compreende o final do século XIX e início do século XX. A preocupação nesse momento era com a modernização do país e a escola era uma das responsáveis por alcançar esses objetivos além de incentivar valores patrióticos, principalmente nas crianças. "Permeável às solicitações da sociedade, a literatura infantil integrou-se aos esforços de instalação da cultura nacional, vinculada à escola e à valorização do nacionalismo."Além disso, obras estrangeiras foram traduzidas e adaptadas para o público infantil brasileiro, porém sérios problemas surgem devido às expressões utilizadas e o afastamento da vivência dos brasileiros em relação aos europeus.
A Segunda Fase abrange o período de 1920 - 1945, caracterizada como uma época de muitos conflitos, entre eles a situação da educação. O índice de analfabetismo estava muito alto e isso fazia com que o Brasil se caracteriza-se como um país atrasado, para reverter esse quadro se propôs uma reforma educacional, criando-se a Escola Nova, na qual propunha-se um ensino intelectual e pragmático. Inovações artísticas também foram marcantes nesse período, principalmente com a Semana de Arte Moderna (1922).
A respeito  da literatura infantil Monteiro Lobato foi o criador das inovações nesse tipo de literatura. Através de suas obras que a linguagem dos personagens se aproximou à linguagem do povo brasileiro. Com isso surgira novas publicações direcionadas para o público infanto-juvenil. Os textos privilegiam o espaço rural no qual o espírito nacionalista predominava.
O folclore constituiu fonte preciosa para revelar um mundo bem brasileiro nos texto infantis. Apesar disso, algumas obras ainda possuíam um caráter pedagógico, pois a idéia de mudar a mentalidade das crianças era uma possibilidade de avanço do país para que este alcance o patamar dos países desenvolvidos. Após a Segunda Guerra Mundial, o Brasil se desenvolveu muito, tornando-se um país moderno, dessa forma, a demanda social por educação aumentou, culminando em pressões por uma expansão do ensino, diante disso o Estado tomou determinadas atitudes para atender aos pedidos da população, no entanto tais medidas não caracterizavam uma política nacional de educação.
A Terceira Fase é marcada pelo período da democracia (décadas de 50 e 60). No campo educacional a reforma de Capanema estava em vigência até que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, aprovada em 1961.
As primeiras décadas de 60 são marcadas pelo surgimento dos movimentos de educação popular e do grupo de reforma da Universidade de Brasília, os quais tinham o objetivo de alfabetizar e a educação de base. 
Com o golpe de 1964 e cultura brasileira ficou prejudicada, "a literatura infantil passou a ter um caráter conservador: os temas e o ambiente por ela explorados privilegiam a agricultura", além do caráter patriótico.
A Quarta Fase compreende o período de 1970 e 1980, marcado por grandes transformações. Na literatura infantil o número de autores e obras aumentou, a linguagem e o ambiente das histórias estava mais próximas do cotidiano e da realidade dos brasileiros. Recuperou-se o folclore oral representado pela abordagem das modinhas infantis, canções de ninar e das brincadeiras de roda. 
"A qualidade estética que reveste as produções destinadas ao público infantil na atualidade permite ao professor a possibilidade de apresentar o mundo mágico da literatura como suporte para as atividades de alfabetização."


BECKER, Celia Doris. História da literatura infantil brasileira. In: SARAIVA, Juracy Assmann (org.). Literatura e Alfabetização, do plano do choro ao plano da ação. Porto Alegre, 2001. p.35-41.

domingo, 3 de junho de 2012

Literatura e Alfabetização


Segundo Juracy Saraiva, a literatura permite que o aluno assuma uma atitude crítica em relação ao mundo! 
Na escola a literatura ainda é um gênero bastante mitificado, pois os professores culpam os pais pela falta de interesse por parte dos alunos em relação à literatura, além da dificuldade própria do processo de decodificação da língua por parte das crianças em fase de alfabetização. No entanto os professores não levam em conta a importância da seleção dos textos e das sugestões de atividades, estas devem ser dinâmicas e criativas, despertando assim o interesse do aluno.
O professor é a ponte entre a literatura e a realidade, a escola é responsável pela formação do leitor.




Através desse livro, a autora traz resultados de uma pesquisa feita em salas de aula de cinco escolas municipais de Porto Alegre; e quatro escolas da rede estadual do Rio Grande do Sul. 
Na primeira parte ela faz uma abordagem mais teórica, traz textos interessantíssimos sobre a literatura e seus leitores, mostra a importância da seleção de textos que se adequem ao perfil da turma, além da abordagem histórica sobre a literatura infantil. Na segunda parte do texto ela mostra sugestões de atividades, como foram trabalhadas e quais foram os resultados, proporcionando uma série de sugestões para que os professores trabalhem com suas turmas.
Juracy finaliza seu livro com depoimentos de alunos, professores e pais em relação ao trabalho realizado. Todos os entrevistados parabenizaram esse trabalho, se mostrando satisfeitos e com uma vontade de realizar outros, e o melhor de tudo: os alunos participaram efetivamente das atividades e mostraram expectativas para a realização de outros.

SARAIVA, Juracy Assmann (org.). Literatura e Alfabetização, do plano do choro ao plano da ação. Porto Alegre, 2001.